sexta-feira, 14 de março de 2014

Conheça os G0YS: eles não se acham gays, não fazem sexo anal, mas curtem homens


Esse post apenas mostra como o machismo se transmuta e coopta pessoas das formas mais bizarras e, por que não, risíveis
Gays-in-Military-Closet
Pois eis que navegando pelos esgotos da internet descobri, por meio do amigo Diboua, um site chamado G0YS.org. De que se trata? É uma comunidade para “caras que amam a masculinidade”, mas que rejeitam o rótulo de gays. Inclusive eles não gostam de “brincar com o ânus alheio”. O nome é grafado com um 0 no lugar do “A” da palavra gay e significa, numa tradução livre, a estaca zero da masculinidade. Mas eles gostam de homem, Arnaldo? Gostam sim. Mas então eles são gays, certo? Nãããooooo. Eles são G0YS (não me perguntem como se pronuncia). Não entendeu? Vamos ler um trechinho do manifesto? 
O que os homens que procuram o movimento G0YS geralmente descobrem é que há um lugar para os homens que amam a masculinidade, mas não se sentem confortáveis com o termo “gay”, nem com os estigmas que o cercam. G0YS representam a maioria dos homens, que por acaso têm profundos sentimentos por outros homens e optam por expressá-los em uma atmosfera de respeito pura, sem o menor indício de degradação moral. G0YS: uma abordagem sóbria, libertária de amizades masculinas. Não nos identificamos com “gays”? Não! Homens como nós realmente acham as imagens e estereótipos que são promovidos de dentro da chamada “comunidade gay” repugnantes para a nossa sensibilidade masculina. Sabemos instintivamente que amar outros homens não tem nada a ver com mudança de gênero, travestimento ou fazer o papel feminino na cama! A natureza do G0YS rejeita qualquer coisa que tenha a ver com brincar com o interior do ânus de outra pessoa. Portanto achamos toda a noção de “sexo anal” suja, degradante e não-masculina.
Em outro trecho:
Você adora o contato [com outros homens] e gostaria de estar mais perto, mas você tem esse medo de que as pessoas podem pensar que você é uma “bicha”. No entanto, você não tem nenhum desejo de colocar qualquer coisa no cu do outro cara. Você só quer trocar carícias com ele, dar uns amassos e ver o que acontece. Você curte caras masculinos, mas você não é “gay”, pelo menos não como a mídia retrata os “gays”! Você não se relaciona com homens que tenham os mesmos maneirismos que os caras do filme “A Gaiola das Loucas”. Você não está sozinho. As estatísticas sugerem que 63% dos caras lidam com sentimentos semelhantes!
Dei mais uma navegada pela caótica página desse movimento (tão caótica quanto suas ideias e argumentações) e li também que os G0YS acham que penetração só pode rolar de pênis com vagina (eles admitem transar com mulheres e serem casados, por exemplo) e que eles rejeitam o sexo anal por ser, em suas palavras, “o maior vetor de DSTs”. Há também opiniões horríveis sobre transexualidade que, se vocês quiserem ler (e encontrarem naquela diagramação cagada), também dão vontade de vomitar de tanto simplismo.
Uma coisa é fato: eles conseguiram dar um nó na minha cabeça. Você provavelmente também não entendeu direito de que se trata esse movimento. Por isso quero propor um debate com nossos leitores, já que muito se disponibilizam a vir aqui e comentar. O que vocês acham desses caras?
  1. Têm sérios problemas psicológicos?
  2. São gays enrustidos?
  3. São dignos de pena?
  4. São machistas e misóginos?
  5. Não são gays?
  6. Apenas nutrem amor platônico por outros homens?
  7. São fruto daquele tipo de pensamento que o Marcio abordou no texto anterior?
  8. São tudo isso?
  9. Não são nada disso…
Minha opinião sobre eles se resume ao trecho inicial de “What It Feels Like For A Girl”, que a Madonna tirou de uma citação da Charlotte Gainsbourg (a mina de “Ninfomaníaca”) no filme “The Cement Garden”.
Girls can wear jeanscut their hair short, wear shirts and boots and  it’s OK to be a boyBut for a boy to look like a girl is degrading‘Cause you think that being a girl is degradingBut, secretly, you’d love to know what it’s likeWouldn’t you? What it feels like for a girl…
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