sábado, 26 de novembro de 2011

Sobre o que não somos mais


 De repente já não éramos mais  a mesma coisa. Aquele entusiasmo que sentíamos uma pela outra perdeu-se. No intervalo entre uma despedida e outra,  deixamos de ser essenciais para nos tornarmos dispensáveis. Como? Quando? Eu não sei. Você também não sabe.
           Poderíamos culpar a distância. Tomamos rumos distintos, você foi apreciar paisagens diferentes das minhas. Agora você cheira a campos floridos. Eu cheiro a descarga  de fumaça de carro.Você vê o sol entre as colinas. Eu vejo o sol entre prédios altos. Mas... na distância? Culpá-la? será? Eu te ligava, você me atendia. Um dia eu parei de te ligar e você parou de atender. Sempre atendeu, nunca ligou. Qual seria o sabor de atender uma ligação sua?
          Okay, vamos tentar colocar a culpa na tarifa sobre as ligações. Tudo bem assim? Não, não. Internet é muito barata.
        A questão é: Estamos felizes?
 Muito mudou depois de deixarmos de ser as mesmas, não sei se por isso ou por aquilo ou porque era inevitável. Nem tudo precisa ter uma causa. Só sei que as pessoas vivem dizendo por aí que eu mudei. Não consigo ver isso de forma positiva.Odeio mudanças,elas me causam medo. Dizer que não sou mais aquele é com dizer que perdi minha essência. Fico me indagando quem eu me tornei. Quem é esse novo eu? Melhor  ou pior que o de outrora?
        Você mudou.  Não alisas mais os cabelos. Agora gosta deles cheios, naturais. Resolveu assumir suas raízes negras. Estou te aplaudindo de pé por isso. Os meus cabelos você nunca deixou alisar.
      Você sempre gostou dos homens-com-beleza-diferente. Lembra? Apelidamos eles assim. Agora você está com ele. Agora é você e ele. Você e eu morreu. Foi-se e é como se nunca tivesse existido.
  Prometemos nos casar caso nenhuma de nós duas arranjasse marido. Nos prometemos isso porque eu tinha medo de envelhecer sem alguém ao meu lado. Você juntou os seus trapinhos e eu fiquei só. Você não se deu conta disso.
     Se eu estou feliz? Eu estou bem,obrigada. A felicidade está aí em qualquer lugar e se não houver motivos para sorrir a gente inventa. Consigo ser  feliz sem você, mas finais nunca deixam de ser tristes. D e alguma forma gostaria de ter dado adeus ao que éramos pois quando nos conscientizamos disso já era tarde demais para qualquer coisa.
    Não lutamos uma pela outra. Já não era mas valida essa briga?
    As vezes penso que merecíamos um final mais trágico, mais digno. Um The End que explicasse o porque desse fim.Talvez se tivéssemos brigado pelo mesmo homem ou pela mesma mulher. Talvez se você me visse na cama com o seu homem.Talvez se eu tivesse traído sua confiança, roubado seu emprego, ou rasgado sem querer aquele seu vestido favorito.Foi o fim pelo fim.
Uma nova amiga minha me disse algo que nunca vou esquecer: Ninguém é obrigado a ser amigo de ninguém. Não pense que é fazer pouco caso, amiga. É a realidade. Mas aprendi muito com o tempo em que vivemos juntas, incluindo essa última: Nada dura para sempre.

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