Para que saibamos distinguir paixão de amor...
Aproximação gera complexidade. A pela macia e sedosa deixa de ser na lente de aumento. José Saramago dizia que se Romeu tivesse olhos de águia não se apaixonaria por Julieta. Assustaria com a pele, os poros, os pelos… Fugiria.
Paixões dificilmente resistem ao dia a dia. No sonho é mais simples. A saudade se encarrega dos complementos, dos preenchimentos de espaços que aumentam com a familiaridade. Aproximaram-se e o que era simples complexificou-se.
A pintura não será entendida enquanto estiver muito perto da tela. Recue alguns passos, faça como o artista e os rabiscos farão sentido, as cores clarearão, o cenário aparecerá. Superficialmente.
A pintura não será entendida enquanto estiver muito perto da tela. Recue alguns passos, faça como o artista e os rabiscos farão sentido, as cores clarearão, o cenário aparecerá. Superficialmente.
Um fio de cabelo. Aproxime-se ao máximo e não saberá o que é porque aproximações geram complexidades.
Como uma família perfeita. De perto deixa de ser.
Como uma família perfeita. De perto deixa de ser.
Nenhum tema resiste incólume quando olhamos de perto. Nenhum milagre. Nenhum evento fantástico. Nem Deus. Nem o amor. Nem certeza alguma. Argumentos não resistem, teses não se sustentam como absolutas quando analisadas em detalhes. Aproxime-se do que quer que seja e verá outra coisa, outros lados, outras caras.
O medo de ver nos mantém distantes. Não queremos saber.Tememos o desconhecido e nos acostumamos com a superficialidade, a estética, os contornos, os códigos, tudo o que nos alimente a sensação de controle. Queremos controle. Vasculhe as emoções. Analise o que sente, o que pensa, o que é, aproxime-se e provavelmente assustará. Encontrará pontas soltas, fios que não se
conectam, pelo menos não do jeito que imaginava, certezas dissolvidas há muito tempo sustentadas por escombros.
Aproxime-se e assustará.
conectam, pelo menos não do jeito que imaginava, certezas dissolvidas há muito tempo sustentadas por escombros.
Aproxime-se e assustará.
Depois que nos vemos é difícil recuar. Agora é preciso novas escolhas, doloridas tantas vezes, complexas, mas necessárias.
Decidir o que fazer com o que viu ou fingir que não viu? A cruel decisão de quem chegou mais perto, furou os bloqueios da superficialidade e descobriu a pele sedosa com poros enormes e pelos assustadores. Se agora que viu, Romeu decidir amar Julieta, então será eterno.
Decidir o que fazer com o que viu ou fingir que não viu? A cruel decisão de quem chegou mais perto, furou os bloqueios da superficialidade e descobriu a pele sedosa com poros enormes e pelos assustadores. Se agora que viu, Romeu decidir amar Julieta, então será eterno.
Será amor.
por Flávio Siqueira
Nenhum comentário:
Postar um comentário