domingo, 27 de setembro de 2015



Sobre Preconceito, Discussões e História - Parte 1

Quem é vivo sempre aparece. Eis-me!
Como vão? Tudo legal por aí?

Confesso que eu estava atrasando essa postagem de propósito. Como diria Mestre Yoda, "Sinto medo muito". kkkkk Mas vamos lá.

Breve aviso: O texto está cheio de links que servem de fonte de pesquisa e comprovação do que eu vos escrevo.

Falar de homossexualidade nunca é fácil. A sociedade ainda está muito fechada para discutir alguns tabus. E se falássemos de homossexualidade no ambiente mágico, amenizariam os ânimos? Afinal, Magia e Homossexualidade estão no mesmo barco quando se fala de Preconceito... Infelizmente a resposta é não. Me parece que as pessoas separam preconceitos em categorias, todas equivalentes entre si. Com isso, não quero dizer que sou "o desprovido de preconceito". Sei que tenho meus defeitos, afinal todos têm, mas eu prefiro aprender a saná-los. Preconceito não é legal, implante isso no seu cérebro.

Recentemente as redes sociais se encheram de uma certa entrevista dada pelo pastor Silas Malafaia à jornalista Marília Gabriela no programa De frente com Gabi, exibido no SBT. É estranho ver que, em pleno século XXI, ainda existe gente pensando assim...

Muita gente ainda pensa que a homossexualidade é uma coisa "nova", inventada há 30 ou 40 anos e que, por isso, é uma tentativa de desvirtuar a sociedade tal como ela é... Será?

Na Grécia Antiga, historiadores já comprovaram o simples fato de que eram livres as maneiras de amar (pelo menos para os homens). Um dos exércitos gregos era composto por nada menos do que 150 casais homossexuais. Esse exército foi invencível por décadas e eram conhecidos por sua disciplina e bravura. Conhecidos como Batalhão Sagrado de Tebas, o amor homossexual era usado até como estratégia para aumentar o poder bélico do exército. Um soldado que tivesse ligações amorosas com um companheiro da mesma fila lutaria com mais bravura para protegê-lo. Foi também uma tropa conhecida por nunca abandonar uma batalha. Para ver mais sobre o assunto, clique nos links abaixo:

O vídeo abaixo é bastante explicativo sobre a antiguidade da homossexualidade. Mas devo avisar que algumas pinturas antigas mostradas no vídeo são um material que não recomendo para menores de 18 anos.


Os romanos também tinham um esquema parecido. Eu devo mostrar elementos bíblicos que sugerem a homoafetividade no exército romano, mas deixarei para discutir a bíblia em outra postagem.

Então, como fica a questão da homoafetividade na religião? Alguma religião aceita gays?

Na mitologia grega, Zeus se apaixona por Ganímedes e o divinifica para que eles fiquem sempre juntos. Se, na mitologia, existe uma história homossexual, é bem provável que a religião politeísta grega admita em seu seio os casais homoafetivos.

Sobre a sociedade celta, "o casamento era uma instituição exclusivamente social e a cerimônia não tinha caráter religioso algum.
A lei permitia o concubinato, o divórcio e até a homossexualidade masculina que, de acordo com o historiador Diodoro Sículo, era bastante praticada pelos jovens celtas." (Fonte: http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/1147963)

Porém, no judaísmo, religião precedente ao cristianismo, a homossexualidade era expressamente proibida. Apesar de haver indícios de casamentos entre homens celebrados no início da igreja católica, com o passar dos anos e a entrada da Idade Média, que reprimiu veementemente toda e qualquer forma de relação sexual, a situação para casais homoafetivos foi piorando até chegar numa completa marginalização do amor entre duas pessoas do mesmo sexo.

Durante a Inquisição, muitos homossexuais foram torturados até a morte pelos tribunais do santo ofício, inclusive sendo condenados à fogueira, assim como as bruxas, muito embora em menor número.

Atenção: as explicações das imagens abaixo são fortes. Se você é menor de 18 anos ou não está a fim de ler textos fortes, pule para o parágrafo após o vídeo e ignore as legendas das imagens.

Eis alguns dos instrumentos e métodos de tortura usados pelos tribunais inquisitoriais:

Berço de Judas:
Neste instrumento, a vítima ficava sentada sobre
a argola móvel mostrada na parte superior da imagem.
A argola descia sobre a pirâmide, que, sob o peso da vítima,
introduzia-se no ânus.

Pera:
Este instrumento era introduzido no ânus da vítima
e era girado pelo torturador, provocando lesões por
alargamento.

Neste método de tortura, usava-se um serrote para
cortar a vítima partindo do períneo (músculo entre os
testículos e o ânus).
Como o sangue começava a ir para a cabeça, devido a
posição da vítima, o torturado só desmaiava quando
a metade do corpo já estivesse serrada (quando começa-se
a atingir os órgãos vitais).

O Discovery Channel fez um documentário sobre instrumentos de tortura. Um episódio foi feito especialmente sobre a inquisição. Veja abaixo:

Um dia, a homossexualidade já foi crime (em alguns países ainda é, como o Irã). No Brasil, felizmente, não o é, porém a atual Constituição Federal, que vocês podem ler clicando na Bandeira Nacional no canto superior direito da tela, sequer cita nossa existência ou contempla quaisquer direitos a homossexuais. Isso é uma luta que se estende já há anos no Congresso Nacional.

Acho que, até aqui, o leitor perspicaz já entendeu que a homossexualidade não é essa coisa toda que dizem por aí; não é algo novo, tampouco um "pecado nefando", como costumam dizer. Os homossexuais, e eu me incluo, já sofremos demais todo o preconceito da sociedade patriarcal. Quem escolheria ser assim?

O geneticista Eli Vieira fez um vídeo que se tornou um viral no Facebook. Ele desmente todo o discurso do pastor Silas Malafaia usando documentos científicos. Veja abaixo:


A jurista Maria Berenice Dias contestou os comentários do pastor sobre Direito.



Desculpe "alfinetar" um pouco mais a história. Conheço bastante do cristianismo e sei que todo cristão tem de seguir aos 10 mandamentos de Deus. "Não levantarás falso testemunho". Mentir é pecado no cristianismo, Malafaia. E, sobretudo, é falta de ética, independente de quaisquer religiões.

Ok, já contestamos as falácias, já vimos historicamente a homossexualidade sob duas das principais culturas que motivam a Wicca e a Magia em geral... mas Gardner não era lá muito a fim de gays. E disso todo mundo sabe.

Apolo e Jacinto: Deus Grego se
apaixona por mortal.
Quem não aceita homossexuais na Wicca, ainda carrega os estigmas da religião da família (geralmente advinda do cristianismo tradicional) e costuma sempre soltar essa: "Se adoramos uma Deusa e um Deus que se amam, não se pode ter gays na Wicca ou, na melhor das hipóteses, gays não devem fazer o Grande Rito".

Não somos apenas macho e fêmea. No livro "Yin-yang - Polaridade e harmonia em nossas vidas", de Christopher Markert, o autor diz que somos seres "másculo-femininos orientados para fora" (homens) e seres "femino-masculinos orientados para dentro" (mulheres). Além do mais, todos temos os cromossomos dos nossos pais e nossas mães, metade de cada um. Apenas nos diferenciando sexualmente por um cromossomo. Eu sou homem por causa de um cromossomo. Minha mãe é mulher por causa de um cromossomo. Um apenas e essa diferença toda, tanto social, política, cultural... e lá vai tantas outras, sem contarmos com a física.

Um casal homossexual pode sim representar a Deusa e o Deus. Todos temos as duas energias dentro de nós. E, principalmente os homossexuais, que, segundo o vídeo do geneticista Eli Vieira, alguns têm corpo de homem, mas a atividade cerebral é semelhante ao de uma mulher. Isso apenas comprova que sim, podemos fazer o Grande Rito com nosso parceiro. Não há essa de "não posso ser a Deusa no ritual porque sou homem".

Antinous: Não são raros os Deuses
homossexuais.

Todos sabemos que parte do Livro das Sombras de Gardner foi extraído dos textos de Aleister Crowley, que reformulou a OTO (Ordo Templis Orientis), cujo grau XI trata de todo o conceito do amor homossexual. Ou seja, Gardner implantou o próprio preconceito na Wicca.

O blog Pendragon fez uma postagem interessante sobre o tema: A Homossexualidade na Wicca, Neo Paganismo e Espiritismo

Para terminarmos essa postagem, onde tentei (talvez um tanto confusamente) explicar o assunto e dissipar os preconceitos ainda tão arraigados, deixo uma mensagem do espírito Temístocles, psicografada por Benjamin Teixeira.

texto readaptado do Blog Feiticeiros das Blumas



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