terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Os bem dotados                           

Você sabe bem, eu não preciso nem dizer, que sou doida, completamente maluca por esse negócio enorme que você tem aí, todo exposto e reluzente, chamando atenção enquanto desfila pela rua.
Comprido, duro e meio torto. Acho lindo.
Arrisco até dizer que, não fosse ele, capaz que a gente nem estivesse juntos.
Sim, você é um cara interessante, bem-humorado, cuida bem de mim e abaixa a tampa da privada. Tem amigos legais, sua mãe não é muito psicopata, adoro seu gato siamês, tampouco me importo com sua mania de espremer as espinhas do braço.
Mas é que, sem isso aí, esse negócio, você não teria tanta graça.
Perdão.
Enfim, não é uma crítica, xuxu, é pra você se sentir honrado e privilegiado, salve salve, ave César, quando Deus te desenhou ele tava namorando.
Mas então. Homem, para mim, tem que ostentar. Tem que chegar exibindo. Tem que mostrar o volume, a massa, a extensão e o raio. E você, bem, se olhe no espelho, você sabe que faz isso. Você pode. Porque, baby, you got it.
Não, não estou elogiando seu pau.
É do seu nariz que eu tô falando.
Homem de nariz grande é vida, é raio, é luz, é estrela, é luar. É homem de verdade, né?
Nada contra os narizinhos. Mentira. TUDO contra. Especialmente contra os batatinha e/ou arrebitados, que são os piores e me dão urticária.
E isso não é nem por causa daquela lenda urbana da relação entre tamanho de pinto versus tamanho de napa – até porque, caros leitores, sinto decepcioná-los e dizer que ela é apenas lenda mesmo.
É, isto sim, por questões estéticas.
Narigão orna. Seja ele no estilo periquito, aba larga, montanha-russa ou violento, aquele tipo parrudo com um osso descendo direto da testa pra dentro da boca. Tem que ser estranho, e sobretudo parecer feio se isolado do resto da cara. Tem que se enfiar no olho da parceira, fazer duelo de espadas, ser um intruso desengonçado em meio ao romantismo do beijo.
Vem pra cá, Pinóquio, que eu sei do que você é capaz.
Vem, narigudo lindo, enroscar sua napa na minha, e assim seremos felizes para todo o sempre.
*Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, fatos ou acontecimentos terá sido mera coincidência
fonte: Bonita mas ordinaria

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